Galo cantor
Num domingo vazio de gente
Em plena cidade grande
Lembro da minha infância
Lembro de Ilhéus
Da vidinha boa do interior
Lembro do galo cantor
Lembro do abrir das janelas de manhã cedo
A venda já aberta pra vender o pão de sal ou de milho ou de leite
O leite dentro do saco gelando as mãos
Chegando a casa pra ser fervido
Com aquele cheiro de café por toda a cozinha
O barulho dos talheres e das xícaras batendo no prato
Os primeiros pigarros matinais saindo de todos os banheiros da rua
O gato se espreguiçando, o cachorro já celebrando o seu dono que acordou
Os passarinhos se aglomerando, na espera dos farelos de pão
Tudo lentamente, a vida se despertando, com uma preguiça boa, gostosa...
A vida do interior
Que já passou
Mas que ficou
Tudo na lembrança
De alguém da cidade grande
Quando escuta o galo cantor.
origem da foto: http://artfiles.art.com/5/p/LRG/20/2065/F952D00Z/susan-winget-le-rooster-i.jpg