terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tão simples





Eu quero o simples pra minha vida


Nada complexo


Ser feliz já basta


É complicado ser assim...


Será?


Só sei que quando se é assim, tudo é simples


E eu gosto de simples


Gosto de feliz


Os dois juntos... Huuum, que delícia!
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Mandamentos do amor próprio





Cuide, proteja e mime você mesmo.

Afinal, você é o seu maior patrimônio.



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domingo, 29 de agosto de 2010

Who are nós?




Estou pensante ou sou pensando?
E você? Está leitor ou é lendo?
Confuso, não?
Confuso é onde a gente vive
Um caos em forma de país
Nossa Oh, pátria amada, idolatrada, salve,salve


Idolatrada e amada mesmo só no Hino
Talvez o único nacional que ainda exista (Ou resista?)
Sabe como é, “Nacional” nesse país está ficando cada vez mais raro
Quem sabe colocando um refrãozinho em inglês do tipo “I Love you, yeah!” não caia no gosto da galera?
Talvez um pagodezinho ao fundo pra ficar mais fácil de memorizar
E alguns “Pa-pa-pa-para-pa- pátria amaaada!”

Degradação do Hino a parte, ainda tem muito mais...
No país do “povo alegre”
Eu pergunto “Que povo tão alegre é esse?”
Seria o mesmo que “tenta” ignorar a existência dos afro-brasileiros...

...dos idosos...

...das mulheres...

...dos deficientes...

...dos nordestinos...

...dos homossexuais...

...dos assalariados...

...dos analfabetos...

...e de tantos outros “dos” como parte da nossa sociedade verde e amarela?


A Pátria é amada
e adoramos falar, escrever, cantar, se vestir e comer americamente ou europamente.

Temos uma natureza linda, amazoniamente exuberante, atraente e lucrativa

E apesar dos  risonhos campos que têm mais flores

Bem, o Ano Novo é em Paris, a lua de mel é no Havaí, os 15 anos é na Disney...


Quem estuda vira assalariado (atualmente, desalariado)

Se não estuda vira vagabundo, marginal e/ou político

Somos o povo brasileiro

Mas a elite e o povão não cabem dentro desse epíteto

Eles não se dão, sei lá, deve ser coisa de pele ou o santo que não bateu

Não esqueçamos da classe média:

vive num eterno esforço para colocar nem que seja o narizinho na Elite

e sempre se encolhendo toda para não encostar o dedinho do pé no povão

O que somos então?

Who are nós?

Um povo multifacetário e multirracial governado apenas por multinacional?

Somos bi, somos tri, somos tetra?

Penta eu sei que somos e com muito custo para ser hexa

E apenas onze homens (e sem nenhum segredo) correndo atrás de uma bolinha é o suficiente para decidir o futuro da nação inteirinha!
Somos campeões!

Além de uma questão de honra, parece ser a única maneira de sermos bem vistos lá fora

O melhor é que além de jogar, também sabemos sambar (Im-por-tan-tís-si-mo!)

Somos um povo que samba, temos ginga, malandros da pela bronzeada de sol

Autores orgulhosos do “jeitinho brasileiro”, um triunfo perante o mundo que nos cerca

Mundo esse que por muitos anos acreditou (ou talvez acredita) que...

... a nossa capital é Buenos Aires...

...falamos espanhol...

...fazemos dança da chuva...

... dividimos a mesa com macacos...

... mulheres que andam nuas e estão sempre a venda...

... um carnaval eterno onde ninguém trabalha nem estuda...

...o paraíso do “tudo é permitido”...

...dentre outros estereótipos espalhados pelo mundo para atrair turistas que apreciam o “exótico”.

É samba no pé e bola na rede!

Se você não concorda com isso, bom sujeito não é

Ou é ruim da cabeça (Para que pensar? Mexa o seu bumbum e pronto.) ou doente do pé

E um pé que de preferência esteja calçado num sapato italiano caríssimo Made in Brazil

Se existe alguma confusão

Garanto que ela não se encontra aqui, mas dentro da sua cabecinha de cidadão consciente

Aliás, consciente é com ss ou ç?

E seremos felizes para sempre...


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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Votem nele!




Vote no "Nulo"
Por quê?
Não promete o que não vai cumprir.
Não ocupa a televisão falando besteiras por quase uma hora.
Não assassina o português quando fala besteiras por quase uma hora (aliás, nem fala)
Não se envolve em escândalos de corrupção.
Não polue as ruas com tanto papel.
Não saí por aí fingindo que gosta do povo, beijando e abraçando e fazendo cara de nojo.
E, o que é melhor, não esquece quem foi que o elegeu.

Vote consciente, vote no  "Nulo"!

Se ele ganhar, os outros terão muito o que pensar...
E vão ver que gente pensa e muito!
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Mandamentos do amor próprio


Você é capaz de fazer tudo aquilo que quiser, não dê ouvidos a quem discordar disso.
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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Riso mudo




Por favor, em que ano estamos?
1964 ou 2010 ou período paleolítico ou A.C?


Século 21, país democrático, voto direto, liberdade de expressão...
Isso existe mesmo? Ou é teoria constitucional?


Que confusão está a minha cabeça.
Eu quero rir
Mas os fazedores de riso não podem fazer nada.
Foram proibidos. 


Chico, "afasta de mim esse cálice"
Brasil, não vai mostrar a sua cara e vai deixar por isso mesmo?
A dita cuja está voltando? Ou será que estava apenas adormecida?
Ganhou um beijinho dos politicóides da vez e acordou com tudo!


A dita ditadura chegou? É você mesmo?
Proibido o quê? Fazer rir? Fazer piadas?
Mas ninguém queria fazer piada, apenas uma adaptação
Porque a piada já existe: são os politicóides de plantão
Será que eles têm medo da concorrência dos programas humorísticos?


Pôxa, quer dizer que de agora em diante só teremos um programa de humor?
Pelo menos ele é passado duas vezes (manhã e tarde) pra ninguém perder nenhuma piadinha só
O nome que é um pouco sem graça,  "Horário Eleitoral Gratuito" ...
O preço que a liberdade de expressão está pagando me parece bem alto.
Será que o tal "Horário" é gratuito mesmo? 


Humoristas em silêncio... Não podem falar nada...
Parece até uma homenagem a Charles Chaplin.


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domingo, 22 de agosto de 2010

Só criticando...



Se é uma das coisa que mais me irrita é entrar numa loja, pedir um certo produto e o vendedor (ou -dora) me dizer: "Tem, mas acabou."

Se acabou é porque não tem. Mude o tempo verbal então: "Tinha, mas acabou".

Quando você ouve o "Tem" a sua esperança de ter o seu produto aumenta e depois vem a água fria "mas acabou".

Acabou foi a minha paciência de ser iludida. Ou tem ou não tem. Se é que teve.

Que mania!
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Mandamentos do amor próprio




Somente você sabe e sente o momento de mudar. Respeite.


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sábado, 21 de agosto de 2010

A burocracia do xixi





Olhei pela janela e me perguntei que lugar era aquele. Não vi postes de luz, orelhões, enfim, tive a sensação de que o progresso nunca havia passado por ali.


- Dez minutos! – gritou o motorista

Desci do ônibus, dei dois passos e já estava na porta do banheiro. Uma moça encontrava-se sentada, lendo. Ainda na entrada, pude perceber uma tabela com os preços para o uso do banheiro.

- Número 1 ou número dois, senhora?

- Como?

- Xixi ou cocô?

Meu Deus! É a barbárie! E sem dar a mínima importância à minha cara de espanto, ela continuou:

- A depender do que seja, o preço pode variar.

- Como assim “pode variar”?

- Se for o número 1 é um preço, se for o número 2, é outro preço. Um pouco mais caro, é claro.

E com a maior naturalidade do mundo, ela explicou o valor das minhas necessidades fisiológicas.

- E quanto custa o número 1?

- R$3,00, senhora. Qual a metragem do papel?

- Como é que é?

- Sim, a metragem do papel. De acordo com a quantidade de papel higiênico utilizado, o preço também varia.

Aquilo era demais pra mim. Como eu poderia saber a quantidade de papel que eu iria usar?

- Em cada banheiro há uma tabela na parede, formulada a partir de diversos cálculos, numa relação diretamente proporcional entre a durabilidade do xixi e a quantidade de papel necessária. Por exemplo, se a duração do seu xixi for de 3 segundos, seriam necessários trinta centímetros de papel.

E eu ali, parada, a bexiga apertada e os minutos passando...

- E como vocês vão saber a durabilidade do meu xixi?

- Existe um sensor que controla o tempo e assim que a senhora terminar, uma luz verde se acenderá, indicando o tempo gasto. Depois, é só olhar a tabela e retirar a quantidade de papel necessária. Tudo isso está explicado no manual que a senhora recebeu ao sair do ônibus.

Manual? Então aquele papel que um menino me entregou era um manual para fazer xixi? Achei que fosse um panfleto de propaganda política e joguei fora.

- Para lavar as mãos estamos com uma promoção: 2 apertadas no sabão com o preço de uma, mas sem direito ao papel de secar. Se a senhora quiser secar as mãos, será outro preço.

As pessoas entravam e saíam como se estivessem em um estabelecimento comercial qualquer: pagavam, recebiam uma nota fiscal com a descrição dos serviços utilizados, umas pagavam em cheque, outras, com cartão de crédito...

- Caso a senhora queira fazer uso do espelho, terá de pagar mais uma tarifa.

- Então ao lavar as mãos, se eu der uma olhada rápida, sem querer, no espelho, eu terei que pagar outra tarifa?

- Depende de como a senhora vai se olhar no espelho. Se for um olhar sem a intenção de verificar a sua aparência, ou seja, olhar, mas sem satisfazer a vaidade, então a senhora ficará isenta de pagar a tarifa.

- E como vocês saberão se o meu olhar foi acidental ou intencional?

- Bem, por trás dos espelhos, nós temos um grupo de psicólogos especialmente treinados para interpretar o seu olhar através de suas reações, baseados em estudos sobre o comportamento humano. Ao menor sinal de vaidade, eles nos emitirão os dados pelo computador que indicará o tempo utilizado na olhada, fazendo em seguida o cálculo da sua tarifa por uso do espelho.

- Querida, eu vou fazer o número 1.

Recebi uma ficha e entrei. Era um banheiro como outro qualquer. Confesso que, depois de tanta explicação, imaginei que entraria no banheiro da NASA ou algo parecido.  Na hora de lavar as mãos, fechei os olhos para não ter que pagar a tarifa do espelho e só apertei o sabão uma vez para aproveitar a tal promoção.

- Querida, se ao invés do número 1, eu fizesse o número 2, quais as normas que eu deveria seguir?

O motorista do meu ônibus começou a buzinar impacientemente para chamar os passageiros.

- Bem, senhora, quanto à metragem do papel, a quantidade usada pode ser maior. Entretanto, se a senhora apertar a descarga mais de uma vez, pagará uma tarifa extra.

- E se o número 2 não descer na primeira apertada? Vocês deveriam dar a segunda de bônus.

- Infelizmente não, senhora. Foi a partir de diversos estudos sobre o volume e o peso desta substância sólida que a força da água utilizada na descarga foi desenvolvida juntamente com a velocidade necessária para impedir que isso ocorra. Assim, a descarga é programada para apenas uma apertada.

- Então se o meu número 2 não descer na primeira puxada, eu estou fora das estatísticas de normalidade e por isso terei que pagar a tarifa extra?

- Exatamente, senhora. Mais alguma informação?



Após ter vivido toda aquela curiosa situação, percebi que seja onde for ou no tempo que for, sempre viveremos numa burocracia, nem que seja a burocracia do xixi, talvez por ainda estar contaminada pelo número 1, o número 2...


(16/07/03)






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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Passa...tempo!

Como passa o Tempo!
Como o Tempo passa!
Passo o tempo passando o Tempo
E o Tempo... passa!

Passa e vai passando
Porque é Tempo e Tempo não pára, passa!
Se pára, não é Tempo, pois o Tempo passa.
E passa sempre. Rápido ou devagar, passa.

Ninguém nem nada segura, pára ou controla
Ele passa e passa mesmo.
E grita: "Eu sou o Tempo!".  E passa.

E por nós, passa, e pelo mundo, passa.
E por tudo passa e por ele passa tudo.
Nada fica, passa.

Passa o Tempo no seu passo
No passo de Tempo
Passa, Tempo!
E passa mesmo.

O agora já foi, já passou, virou passado.


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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Senhor Gentil

 
     Serei mais uma em um milhão a homenagear este homem. E por que eu teria que ser a única?
    Autor da frase que faria toda a diferença no mundo de hoje, abro espaço para o Profeta Gentileza...





Tudo lindo, só beleza
Se no mundo valesse mesmo
As frases de Gentileza

Profeta, poeta
Louco?
Não se importaria nem um pouco

O que queria?
Ninguém sabia
Falava muito de paz, amor
Alegria

Amor liberta
Gentileza gera gentileza
Respeitando a natureza
Jessus conduz

Colorindo muros
Num mundo preto no branco
Pedir o que pedia
Podia ter sido santo

Morreu
E tudo aquilo valeu?
Olha, eu só tenho uma certeza
Tô com ele e não abro
Pois Gentileza gera gentileza









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Mandamentos do amor próprio





Acredite na sua intuição, ela te conhece mais do que você imagina.


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domingo, 15 de agosto de 2010

Óculos




O “óculos” na mesa.

Parado.

Olhando...

De cabeça pra baixo,

aro dourado, enferrujado

Olhando...

Oco, vazio

Olhando...

Através dele,

tudo maior, mais claro.

Ele também vê

Sem olhos,

só grau

Parado

Grau

Oco

Olhando...

Olha com olhos de vidro

O que vê?

Minha imagem?

Minha alma?

Não diz

Só olha.
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Latim em latidos



- Será que eu agi certo? Eu deveria... Não! Só se eu...

- Você complica muito as coisas.
- É, mas é que... Droga, perdi meu ônibus!
- Vocês complicam muito a vida. Viver bem é viver simples.
- É, você tem razão. Mas a quem estou dando razão?
- A mim.
- Sim, mas ...
- Quem sou eu? Olhe para mim, eu sou um...
- Cachorro????? Estou falando com um cachorro?
- Você deve estar se perguntando “como” se explica o fato de estar conversando com um representante da minha espécie. Isso é bem típico de vocês: se julgam superior e, conseqüentemente, no direito de agir como bem entenderem, seja destruindo florestas, matando animais...
- Um cachorro ecologista.
- Ecologista não. Vocês que inventaram esse nome para aqueles que se preocupam com a natureza.
- Iiiih! Daqui a pouco vai querer se candidatar.
- Estamos conversando há alguns minutos e ainda não movi uma ruga na minha face. Você, no entanto, já fez mais de mil caretas de preocupação, de raiva... Daqui a pouco vai querer gastar uma fortuna com plástica ou vai viver frustrada pelo resto da vida.
- Você fala isso por que só vive no máximo 16 anos. Nessa idade não se tem nem ruga de expressão.
- Mas saiba você que meus 16 anos, segundo alguns dos seus cientistas, valem quase 100. E se for para viver 100 anos nessa vida que vocês levam, bem, com certeza é melhor viver só 16.
- É hoje que eu chego atrasada.
- E pra quê inventaram o relógio?
- Atrasada, praticamente demitida e discutindo sobre a vida com um cachorro!
- Você acha que a gente só sabe balançar o rabo de alegria e fazer xixi no tapete? É assim que vocês resumem a nossa existência? Eu balanço o rabo porque eu quero. Eu posso estar triste e querer balançar o rabo. Que mania de querer definir a gente!
- Não é mania. Nós estudamos antes de chegar a uma conclusão sobre qualquer coisa, sabia?
- E quem organiza esses estudos? Quem ensina vocês? Quem escreve os livros?
- Nós.
- Nós quem?
- Ora, os humanos!
- Hum, que conveniente.
- Eu não entendi.
- Tanta necessidade de saber sobre tudo e para quê? Vivem estressados, doentes, se matando... Garanto que um cachorro de cem anos atrás teve a mesma vida que tenho hoje. Só não posso dizer o mesmo das nossas futuras gerações, cada vez mais longe da nossa verdadeira origem e limitados a função de “alegrar o seu lar”, comendo da sua comida enlatada, sedentários... Muitos dos nossos já têm as mesmas doenças que vocês.
- Pôxa, é verdade.
- E ainda me chamam de animal irracional?
- Não, você não é irracional. Você está me fazendo raciocinar além do que estou acostumada a fazer no dia a dia.
- Irracionais ou não, sabemos viver sem complicação. Viver bem é viver simples.
- É, gostei! Viver bem é viver simples.
- E acho bom você dar uma olhada ali porque o seu ônibus está chegando.
- E você...

O cachorro já estava atravessando a rua. Ao entrar no ônibus, vi gente isolada por fones de ouvido e livros, sem se olharem, no máximo um empurrão para passar. Sempre correndo, sempre atrás de algo...

Hoje, toda vez que vejo um cão, penso em me aproximar e discutir sobre a vida. Quem sabe um dia eu não tenha a mesma coragem do meu amigo que falou o que pensava mesmo sabendo que poderia ser ignorado? Pois o próximo quatro patas não me escapa. Tenho muito para falar sobre Marx, educação...


                                                                                                               
                                                                                                                                  


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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Mandamentos do amor próprio






Ame você mesmo assim (ou mais) do que você ama seu próximo. 
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domingo, 8 de agosto de 2010

R(r)osas



O perfume de Rosa
Cor de rosa
Com cheiro de rosa
Caiu sobre a rosa que Rosa mais gostava
Resultado: 2 rosas perfumadas


(13/07/03)
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Profissão?


- Profissão?

- Leitora.

A mulher olhou para a minha cara como se eu a tivesse insultado.

- Senhora, eu perguntei a sua...

- Profissão. Pois é, leitora.

Seus olhos me perguntaram “E desde quando isso é profissão?”, mas a sua atitude profissional só permitia que ela continuasse a preencher o formulário, deixando em branco o espaço destinado a profissão. Nada de polêmicas, concordando ou não, o cliente tinha que ter sempre razão.

Foi por essas e outras que optei por ser leitora, uma profissão livre, podia concordar e discordar daquilo que bem entendesse. Entretanto, nem todos tinham a mesma sorte (ou coragem) que eu.

Ela me entregou os documentos e mandou aguardar. Talvez o único momento em que pudesse dar uma ordem a alguém.

E assim a polêmica da minha profissão se repetia todas as vezes que eu era perguntada sobre ela. Viver de quê? Ganhar o quê? E desde quando letras pagam as contas? Perguntas pessoais que eu me recusava a responder, deixando o meu interlocutor mais intrigado do que nunca.

Sim, eu era leitora e pagava as minhas contas. Ganhava e muito. Muito mais do que um salário no fim do mês, aliás, o que eu ganhava nunca acabava, durava o quanto eu quisesse. Por que tantas perguntas e surpresas sobre uma profissão? Não poderia dizer que era uma profissão como outra qualquer, mas ainda assim era uma profissão, era a minha profissão. Que me perdoassem os médicos, advogados e todos aqueles com profissão reconhecida que se incomodavam com a minha.

- Profissão?

E lá estava eu outra vez, no centro da berlinda. E seria assim para sempre, até o fim dos meus dias, todas as vezes que eu abrisse a minha boca para dizer “Leitora”.

- Senhora, eu pergun...

- Sim, leitora.

Mais uma que era dominada pela formalidade profissional: se calava e deixava em branco o espaço da profissão.



 




(08/08/2010)














origem da imagem:http://oimperativocategorico.files.wordpress.com/2008/04/preferencia_para_leitores.jpg
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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ANIMAIS...




RACIONAIS?



 IRRACIONAIS?


Está cada dia mais difícil perceber a diferença...
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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O autor


 


Ao abrir a porta sabia que o destino de sua vítima estava em suas mãos. Aquele era o momen...


Din-don!


- Mas será o benedito? À uma hora dessas? Quem...

E Arnalbio levantou enfurecido. Tinha que entregar o material pronto até sexta-feira e já era quarta. Os dois meses de prazo para concluir o seu livro de contos já estavam no fim e era mais do que certo que o seu editor, com aquela mania de pontualidade britânica, não lhe daria um minuto a mais. Ligava todos os dias para saber das histórias e Arnalbio, por sua vez, mentia dizendo que já estava concluindo a penúltima, quando na verdade não havia terminado nem a primeira.

- Uma maldição!

Desde que o seu primeiro livro fora publicado e se tornado um sucesso, rendendo-lhe vários prêmios, Arnalbio não conseguia escrever mais nada, nem uma redação escolar, nem um micro conto de 30 letras lhe vinha à mente. O que houve com a sua inspiração? Sua veia literária? O seu lado obscuro para trazer a tona os contos de assassinatos misteriosos? Agatha Christie havia lhe abandonado. Relera todos os livros dezenas de vezes na esperança de obter algo que eclodisse na sua mente e nada. Em todos os seus 15 anos como escritor, nunca havia se encontrado tão desesperado como naquele momento. Quase agrediu um colega de bar que, ouvindo Arnalbio falar de sua esterilidade literária após o sucesso do livro, resolveu repetir o ditado de que um raio nunca cai num mesmo lugar...

- Será? Não! Não e não mesmo! Isso é ditado popular! Eu sou um intelectual, não acredito nessas coisas.

Em vão tentava se convencer de que não sofria de nenhuma influência da sabedoria popular. Na verdade, não era uma questão de querer, era uma questão de poder. Ele não podia nem pensar na possibilidade do raio cair apenas uma vez. Era o seu ganha-pão que estava em jogo, mais do que isso, o seu ego, a sua vaidade, a sua vida, o seu prestígio...

- Não! Nem que eu tenha que falar com Santa Bárbara, mas esse raio vai ter que cair duas vezes no mesmo lugar sim!

E foi envolto por esses pensamentos que Arnalbio ajeitou um pouco o cabelo (que já não via um pente há três dias) e abriu a porta para ver a cara do imbecil que interrompera o seu momento sagrado.

- Bom dia, amigo.

Arnalbio não abriu a boca.

- Eu sou o seu novo vizinho. Do 302.

Arnalbio não demonstrou nenhuma reação. Parecia uma estátua encarando o pobre homem de um metro e meio, óculos com aro de tartaruga e mãos trêmulas. Odiava cada parte daquele ser que ousara interromper o seu momento sagrado.

- Eu vim aqui saber se o senhor teria uma tesoura para me emprestar. Acho que perdi a minha nessa mudança toda e ainda tem um monte de coisa para...

- Não!

- Como?

- Não tenho nenhuma tesoura. Eu odeio tesouras!

- Mesmo assim, muito obriga...


Blam!


Arnalbio fechou a porta antes mesmo que o pobre homem pudesse terminar.

- Tesoura! A minha inspiração cortada por causa de uma tesoura! Ora bolas, cortada por uma... TESOURA!

Como se um raio houvesse caído sobre sua cabeça, Arnalbio gritou e correu na direção do quarto. Não tinha dúvida, fora atingido pelo tão esperado segundo raio. Jogou-se sobre a cadeira e passou a escrever como um louco. Estava alucinado, surdo, esquecera de respirar, os olhos haviam se congelado sobre a tela do computador. Santa Bárbara havia lhe escutado, sua inspiração estava de volta. Sentiu o calor subindo pelos dedos das mãos, o suor descendo pelas costas, tudo como antes. O senhor editor que o aguardasse, pois estava com inspiração para uma coletânea.


Ao abrir a porta sabia que o destino de sua vítima estava em suas mãos. Não tinha tempo a perder. Aquele era o momento. Tinha em suas mãos a tesoura que usou para...



Din-don!



O que era aquilo? Uma onomatopéia imaginária? Ou realmente ouvira o que ouvira? Seria a polícia chegando à casa do assassino de sua história?


Din-don!


- Maldição! Inferno! Para o diabo com o seu din-don!

E continuou atropelando as letras do teclado com os seus dedos incontrolados. Estava fora de si e o assassino do seu personagem, sem saída.


Din-don!


- Eu preciso de uma tesoura! Onde está a minha tesoura? Entrego logo a porcaria da tesoura para esse imbecil me deixar em paz!

E começou a abrir todas as gavetas da escrivaninha em busca da “bendita” tesoura.

- Onde está a danada?

E começou a revirar tudo a sua volta. O desejo de continuar a história era tão grande que, caso não achasse a “bendita” tesoura, seria capaz de ele mesmo abrir no dente todas as caixas do seu vizinho só para ter a certeza de que não seria incomodado novamente.


Din-don!


Não achou a tesoura. Dirigiu-se aporta e...

- Desculpa incomodar novamente, vizinho, mas você tem certeza que não tem nenhuma tesourinha por aí perdida? Numa gaveta? É que as caixas foram tão bem embaladas...

Arnalbio sentia o corpo pingando de suor e aquele era o sinal de que a sua inspiração estava no auge. Tinha que voltar para o computador imediatamente. Respondeu um inaudível “Não!” e voltou correndo para o quarto.

- Olá! Vizinhooo! Achou a tesoura? Talvez em alguma gaveta...

Arnalbio esquecera de fechar a porta e ali estava o seu novo vizinho, no meio da sala, chamando por ele e perguntando pela "bendita" tesoura.

- Como este imbecil se atreve a invadir a privacidade de Arnalbio Corrêa, autor de um dos livros mais vendidos do ano?

- Oi, vizinho, você deixou a porta aberta. Isso é perigoso nos dias de hoje, sabia? Dia desses...

- Não!

- Como?

- Não está em nenhuma gaveta. Eu odeio gavetas!

Arnalbio encarava o pequeno homem com um ódio indescritível, seria ele o preço pelo retorno da sua inspiração?

- Então terei que...

E o pequeno homem começou a dirigir-se até a porta. Arnalbio o acompanhou para ter certeza de que iria embora de vez. Voltou para o quarto. Já não estava soando tanto como antes, mas ainda sentia a febre dos dedos.

Ao abrir a porta sabia que o destino de sua vitima estava em suas mãos. Não tinha tempo a perder. Aquele era o momento. Tinha em suas mãos a tesoura que usou para...

Alongou-se e ao virar o pescoço para o lado, lá estava ela: a tesoura. Usara a “bendita” na noite anterior para recortar uma critica que havia saído no “Informe da manhã”. Bem, já não precisava mais dela. Alongou a coluna mais uma vez e voltou a escrever. O assassino iria fazer a sua última vítima antes de ser preso pelo detetive Ludsor. Entretanto, Arnalbio, após aquele abre e fecha de porta, não conseguia mais visualizar a morte final. Sabia que deveria ser a mais bela de todas, com requintes dignos de um serial killer.


Din-don


Levantou-se e foi até a sala. Ao abrir a porta sabia que o destino de sua vítima estava em suas mãos. Não tinha tempo a perder. Aquele era o momento. Tinha em suas mãos a tesoura que usou para cortar o jornal na noite anterior.

- Olá de novo, vizinho. Por acaso você não teria uma faca de serra para...

- Não!

E deu o primeiro golpe. O homem segurou a mão de Arnalbio antes de cair.

- Não! Não! E não!

E deu os golpes seguintes. Tudo presenciado por dona Malva e sua empregada que acabavam de chegar do supermercado e encontravam-se imóveis diante do elevador.

- É o meu fim! É o meu fim!

Berrou Arnalbio olhando para as duas mulheres que começaram a gritar e correr escada abaixo. Sim, era o fim de Arnalbio. O fim que ele tanto queria para a sua história. Sabia que a polícia chegaria em alguns minutos, tempo suficiente para concluir o último parágrafo.








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É engraçado...



Vejo, às vezes, como é engraçado o ser humano
Ou melhor, os seres humanos!
Todos eles, sem nenhuma exceção:

a maneira de se entreolharem num elevador

ou separados por um corredor de avião

a maneira de se tocarem para pedir licença, sentir a presença...

a maneira de conversar no meio da rua, num bar...

a maneira de se odiarem, lágrimas nos olhos,vontade de matar...

e, claro, a última, porém a principal (e a minha preferida): a maneira de amar

seja no entreolhar, no tocar, no conversar ou no odiar

 Às vezes, vejo como é engraçado ser humano.





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Bem baratinho mesmo



Tudo que é considerado a preço de banana é muito barato, bem baratinho mesmo, se duvidar até macaco compra.



Até pouco tempo eu achava que o mais barato seria a preço de banana.


Assistindo e lendo os últimos acontecimentos, descobri que no meu país ainda existe algo mais barato do que o "a preço de banana":


 a vida.




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