sábado, 19 de dezembro de 2009

A bola


A bola voava. E caía no chão como se tivesse vindo do céu.
Um anjo, quem sabe, havia deixado cair naquela quadra sem traves, de barro, cheia de meninos e meninas magros como as traves que não existiam e cobertos com o barro do chão.
E como gritavam.E correndo gritavam mais. Suor era o único líquido de que dispunham e, mesmo assim, o desperdiçavam.
A bola que caiu do céu era a razão do seu sacrifício: correr com sede, derretendo os pequenos miolos sob aquele sol do meio dia.
Brincavam para enrolar a fome que girava dentro de suas barrigas como a bola no campo de barro.
Almoço? Muitos não sabia se o teriam. Alguns já tinham certeza que não, pois não tinham o lugar para o almoço, uma casa onde...Que casa? A fome. Que fome?
Gooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooool!
Vibrando, suando, a bola que caiu do céu entrou no gol imaginário.
Todos suados, felizes e sem fome.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu sempre soube que vc era muito boa no que fazia, mas isso é definitivamente fantástico.
Ai, essa menina sentava do meu lado na escola. Orgulho!
Beijo
Helga

6 de janeiro de 2010 às 22:08
Babkas Brazil disse...

Obrigada,amiga! Eu costumo dizer que não acredito em elogios, mas abro uma exceção para os amigos, claro!
bjos

7 de janeiro de 2010 às 09:21
Fantasma disse...

Eu já lhe disse, pessoalmente por sinal, que amei este conto.

10 de março de 2010 às 22:01

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