COBRA
Vem,
vem,
linda se arrasta
Sinuosa
e brilhante
se afasta
Se enrosca,
se estira,
arma um bote
Dos dentes,
gotas de veneno
Do
olhar,
desafio à morte
Só,
em muitas
feroz,
voraz,
atroz
Elegante animal,
arrasta-se sem vergonha
Sem pernas,
braços,
pescoço
Apenas
os movimentos em “o”,
em “s”
Rápida,
ágil,
precisa
Não lhe faz falta
a falta de membros
Poderosa,
continua
a seguir mundo afora
Ou a entrar mato adentro
Ao subir
na árvore,
Enrola-se nos galhos
Disfarça-se nas plantas
E pára.
E olha.
E encara.
Da boca,
a língua bifurcada
Num entra e sai incessante
Interminável,
infinito
(até chegar ao seu finito)
Cor,
visgo
Na pele fria e áspera
Sensações,
pavor,
medo,
nojo
Resumidas numa única
picada
Num único contato
de carne com veneno
Tontura,
perdendo os sentidos
Prazer,
perigo, morte
Eis que vence a cobra
Cobra,
só,
muitas em uma
Venceu,
saiu no silêncio
Leva seu corpo sem membros
Pára
e
espera
a
próxima
vez.
foto: http://cliffsmithoriginals.com/MainPages/Abstract_Paintings.html
0 comentários:
Postar um comentário