Sexta Qualquer
Não tinha nada o que falar de si. O pior: eles, muito menos. Um drama? Uma comédia? Uma tragédia? Um nada. Uma página em branco que não fazia a mínima questão de ser preenchida.Quanta honestidade. Não tinha muito o quê falar de si. O pior? Eles muito menos. Nada tinham para falar de nada da sua vida. Um tudo quase nada... E aquela arrogância da brancura do papel.
Queria (e sempre quis) escrever a sua autobiografia numa sexta-feira de um mês qualquer. Entretanto, que fatos escrever e descrever na sua autobiografia em plena sexta-feira de um mês qualquer?
Narrar a sua história. O que seria importante? O que os outros queriam saber? Compartilhava com todos eles aquela sexta-feira de um mês qualquer, mas carregava sozinho o fardo de não saber o que dizer de si próprio.
Quanta honestidade. Tinha muito pouco, quase nada para falar de si. O pior? Eles muito, mas muito menos.
Não teve dúvida. Deu um tiro no ouvido em plena sexta-feira de um mês qualquer. Agora sim, eles teriam o que falar.
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