AVERSÃO NUMÉRICA
Deixem-me só com as letras, apenas elas! Fora com os números!
Do seu Universo, para mim, uma única incógnita: a ignorância.
Não, não quero ver nenhuma espécie de número, expressão numérica ou cálculo
Mesmo que seja para comprovar que dois e dois são vinte e dois
Que venham as letras! Que se juntem em palavras!
E venham em grandes famílias de frases!
Organizem-se, minha amigas! E venham em versos! Contudo, esqueçam a métrica
Métrica me lembra MATEMÁTICA. E desta nada me interessa
Fecho os olhos, rasgo a tabuada, desligo a máquina de calcular
Viverei (e muito bem) sem contabilidade, sem álgebra
Se necessário for deixo de contar as nuvens e estrelas do céu
Os barquinhos e canoas no mar, as colorias e pequeninas flores do campo
Mas nunca, e juro, nunca mais irei... CONTAR, SOMAR, MULTIPLICAR
Ninguém nada entende e isso já me basta
Para que não me venham atormentar com perguntas
Numa ordem irritantemente numérica
Fora com os números e todos os seus valores “valorizados”! É tudo que peço.
A quem não sei, mas peço.
Contar, só histórias.
Expressões, só as de amor como “Eu te amo”.
E não precisam ser dois para isto dizer, afinal o dois é...Já sabe.
Apenas um.
Pois, para mim, um é artigo indefinido. Não um (Argh!) numeral.
(23/06/00)
Origem da imagen: http://www.superiorsilkscreen.com/upfiles/cart/hate_math.gif
1 comentários:
Para um professor de Matemática, esse poema é, sem dúvida, heresia total.
1 de fevereiro de 2010 às 19:30Mas você, com seu dom das palavras, vem SOMANDO experiências, SUBTRAINDO silêncios e omissões, DIVIDINDO sentimentos e MULTIPLICANDO sementes conscientizadoras.
Você, portanto, também gosta da Aritmética!!!!
Parabéns!!!! Muito sucesso!!!!
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