sábado, 16 de janeiro de 2010

AVERSÃO NUMÉRICA











Deixem-me só com as letras, apenas elas! Fora com os números!



Do seu Universo, para mim, uma única incógnita: a ignorância.


Não, não quero ver nenhuma espécie de número, expressão numérica ou cálculo


Mesmo que seja para comprovar que dois e dois são vinte e dois






Que venham as letras! Que se juntem em palavras!


E venham em grandes famílias de frases!






Organizem-se, minha amigas! E venham em versos! Contudo, esqueçam a métrica


Métrica me lembra MATEMÁTICA. E desta nada me interessa






Fecho os olhos, rasgo a tabuada, desligo a máquina de calcular


Viverei (e muito bem) sem contabilidade, sem álgebra






Se necessário for deixo de contar as nuvens e estrelas do céu


Os barquinhos e canoas no mar, as colorias e pequeninas flores do campo


Mas nunca, e juro, nunca mais irei... CONTAR, SOMAR, MULTIPLICAR






Ninguém nada entende e isso já me basta


Para que não me venham atormentar com perguntas


Numa ordem irritantemente numérica






Fora com os números e todos os seus valores “valorizados”! É tudo que peço.


A quem não sei, mas peço.






Contar, só histórias.


Expressões, só as de amor como “Eu te amo”.


E não precisam ser dois para isto dizer, afinal o dois é...Já sabe.


Apenas um.


Pois, para mim, um é artigo indefinido. Não um (Argh!) numeral.

(23/06/00)


 
 
Origem da imagen: http://www.superiorsilkscreen.com/upfiles/cart/hate_math.gif

1 comentários:

Feizi disse...

Para um professor de Matemática, esse poema é, sem dúvida, heresia total.

Mas você, com seu dom das palavras, vem SOMANDO experiências, SUBTRAINDO silêncios e omissões, DIVIDINDO sentimentos e MULTIPLICANDO sementes conscientizadoras.

Você, portanto, também gosta da Aritmética!!!!

Parabéns!!!! Muito sucesso!!!!

1 de fevereiro de 2010 às 19:30

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